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sexta-feira, 29 de maio de 2015



“Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes.”
— 1 Coríntios 15.1

Um escritor ou pregador teria dificuldade para fazer uma introdução melhor ao evangelho de Jesus Cristo que a do apóstolo Paulo à igreja de Corinto[1]. Nessas poucas linhas, ele fornece verdade suficiente para vivermos toda nossa vida e nos levar ao lar, na glória. Somente o Espírito Santo poderia capacitar um homem para falar tanto, tão claramente e em tão poucas palavras.


Nessa pequena porção da Escritura, encontramos a verdade que todos pre­cisamos redescobrir. O evangelho não é apenas uma mensagem introdutória ao Cristianismo - ele é a mensagem do Cristianismo e o crente faria bem em dar a sua vida na busca de conhecer a sua glória e torná-la conhecida. Há muitas coisas a serem conhecidas neste mundo, e incontáveis verdades a serem investigadas den­tro da esfera do próprio Cristianismo; no entanto, o glorioso evangelho de nosso bendito Deus e Seu Filho Jesus Cristo está bem acima de todas elas[2]. Ele é a men­sagem de nossa salvação, o meio do nosso progresso rumo à santificação e a limpa fonte de onde flui toda pura e correta motivação para a vida cristã. Ao crente que compreendeu algo do seu conteúdo e caráter jamais faltará diligência ou ficará de tal forma empobrecido que busque suas forças em cisternas rotas, sem água e lavradas pela mão do homem[3].
1 Coríntios 15.1 explica que o apóstolo já havia pregado o evangelho para a igreja de Corinto. Na verdade, ele era o pai na fé deles[4]! Mesmo assim, ele vê a necessidade máxima de continuar a lhes ensinar o evangelho - não apenas para relembrá-los de seus ingredientes essenciais, mas também para expandir o seu conhecimento sobre o evangelho. Em suas conversões, eles apenas começaram uma jornada de descoberta que abrangeria suas vidas inteiras e continuaria por eras intermináveis na eternidade, descobrindo as glórias de Deus reveladas no evangelho de Jesus Cristo.

Como pregadores e fiéis, seríamos sábios se víssemos, pelos olhos deste an­tigo apóstolo, o evangelho com um novo frescor e o estimássemos digno de uma vida de cuidadosa investigação. Porque, mesmo que já tenhamos vivido muitos anos na fé, mesmo que tenhamos memorizado cada texto bíblico com respeito ao evangelho, e mesmo que tenhamos digerido toda publicação dos Pais da Igreja, dos Reformadores, dos Puritanos e até dos estudiosos desta presente era, pode­mos estar certos de que não alcançamos nem o sopé deste Everest que chamamos de evangelho. Mesmo após uma eternidade de eternidades, o mesmo poderá ser dito sobre nós!

Vivemos em um mundo que nos oferece um número infinito de possi­bilidades e incontáveis opções que disputam a nossa atenção. O mesmo pode ser dito do Cristianismo e a ampla gama de temas teológicos que um homem pode gastar sua vida inteira examinando. Contudo, um tema se eleva acima de todos e é fundamental para o entendimento de toda outra verdade bíblica: o evangelho de Jesus Cristo. Através desta mensagem singular, o poder de Deus se manifesta mais expressivamente na igreja e na vida individual do crente.

Ao olharmos a história cristã, vemos homens e mulheres com uma paixão ex­cepcional para com Deus e Seu reino. Ansiamos ser como eles e nos perguntamos como conseguiram ter um fogo tão duradouro. Depois de uma avaliação cuidado­sa de suas vidas, doutrinas e ministérios, encontramos que eles diferem em muitas coisas, mas que há um denominador comum: eles capturaram um vislumbre da glória do evangelho e a beleza deste acendeu suas paixões e os conduziu. Sua vida e o seu legado provam que uma paixão genuína e duradoura vem de uma com­preensão cada vez maior e mais profunda daquilo que Deus fez pelo Seu povo pela pessoa e pela obra de Jesus Cristo. Não há substitutos para tal conhecimento!

Em tempos idos, o evangelho cristão era frequentemente referido como evangel, da palavra latina evangelium, que significa evangelho ou boas novas3. É por essa razão que os crentes são frequentemente referidos como evangélicos. Somos cristãos porque encontramos nossa identidade, vida e propósito em Cristo. Somos evangélicos porque cremos no evangelho e o estimamos como a verdade central da revelação de Deus ao homem. Ele não é apenas um prefácio, uma nota de ro­dapé, um adendo; ele não é uma mera classe introdutória ao Cristianismo; ele é um curso inteiro de estudo. É a história de nossas vidas, as riquezas insondáveis que buscamos explorar e a mensagem que vivemos para proclamar. Por essa razão, somos mais cristãos e evangélicos quando o evangelho de Jesus Cristo é a nossa única esperança, nossa única glória e nossa única e magnífica obsessão.
Hoje, os evangélicos realizam tantas conferências, especialmente para os nossos jovens, com a intenção de instigar a paixão do crente por meio da comu­nhão, da música, de oradores eloquentes, histórias emotivas e apelos comoventes. No entanto, qualquer que seja a empolgação criada, ela muitas vezes desaparece rapidamente. No fim das contas, essas experiências fomentam pequenos fogos em pequenos corações que se consomem em poucos dias.

Nós nos esquecemos de que uma paixão genuína e duradoura nasce do conhecimento da verdade, e especificamente da verdade do evangelho. Quanto mais você conhecer ou compreender sua beleza, mais será tomado pelo seu po­der. Um vislumbre do evangelho moverá o coração verdadeiramente regenerado a prosseguir. Cada maior vislumbre acelerará o ritmo até que a pessoa esteja cor­rendo incansavelmente em direção ao prêmio[5]. O coração verdadeiramente cristão não pode resistir a tal beleza. Essa é a grande necessidade do dia! É o que perde­mos e precisamos recuperar - uma paixão por conhecer o evangelho e uma igual paixão por torná-lo conhecido.




[1] 1 Coríntios 15.1-4
[2] 1 Timóteo 1.11
[3] Jeremias 2.13; 4.3
[4] 1 Coríntios 4.15
[5] Filipenses 3.13-14

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